segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Plural de "pai natal" é "pais natais"

" A variação da língua é constante e nota-se, sobretudo, a nível lexical. A expressão pai natal, por exemplo, é nova na língua e nova na manifestação cultural que exige a sua flexão; poderá, talvez por isso, estar a sofrer uma alteração que não é ainda, parece-me, sancionada pela norma.
A palavra natal é, simultaneamente, adje(c)tivo e substantivo, ou nome. Como adje(c)tivo, utiliza-se em expressões como terra natal, atribuindo ao substantivo a cara(c)terística de ser o local onde determinado nascimento ocorreu; como substantivo, utiliza-se para designar o dia do nascimento de alguém, sendo nome próprio quando se refere ao nascimento de Cristo.
Embora com significado diferente do que tem em terra natal, a palavra natal, que integra a expressão pai natal, é um adje(c)tivo, pois dois substantivos não podem ocorrer seguidos, a menos que estejam ligados por hífen ou preposição ou então que o segundo seja aposto do primeiro, o que, habitualmente, se assinala por meio de vírgulas. No primeiro caso inserem-se os exemplos que a consulente apresenta. Navio-escola e decreto-lei são palavras compostas, correspondendo cada uma delas a uma realidade. A expressão pai natal, por seu lado, embora designe uma só realidade, não é (ou não tem sido considerada como se fosse) uma palavra só, mas, sim, uma expressão lexical, constituindo um grupo de palavras, inseparáveis no sentido que veiculam.
Está, evidentemente, nas mãos dos falantes alterar esta situação, pois é o uso, concertado e insistente, que acaba por ditar a norma e não o contrário. Mas nem sempre o uso pontual de uma determinada construção se torna tão consistente, que altere a norma. No caso em análise, pai natal, por enquanto, não é uma palavra composta; é, sim, uma expressão constituída por um nome e um adje(c)tivo e sujeita a plural nas duas palavras (pais natais), dado que os adje(c)tivos concordam em gé[ê]nero e número com os substantivos que qualificam.
Se vier a tornar-se uma palavra composta, então passará, muito provavelmente, a ser grafada com hífen, como fazemos com navio-escola e, nessa altura, poderá até justificar-se que o plural seja pais-natal. Mas não é, no presente, o caso. E só se agradece aos jornalistas que não insistam no erro..."
Edite Prada :: 06/01/2004

Apresentação

Este blogue nasceu da minha intenção de disponibilizar aos meus alunos um espaço privilegiado de comunicação que ultrapassa as fronteiras da sala de aulas e da própira escola. Espero que, ao comunicarem neste blogue, eles consigam expressar-se e dar asas à sua criatividade através da escrita.