sábado, 7 de março de 2009

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A Dimensão Simbólica das Personagens na Obra " Memorial do Convento "

D. João V

Rei de Portugal de 1706 a 1750, desempenha o papel de monarca de setecentos que quer deixar como marca do seu reinado uma obra grandiosa e magnificente - o Convento de Mafra. Este é construído sob o pretexto de que cumpre uma promessa feita ao clero, classe que "santifica" e justifica o seu poder.
É símbolo do monarca absoluto, vaidoso, megalómano, egocêntrico, e mantém com a rainha apenas uma relação de "cumprimento do dever" e, em alguns momentos, pretende ser um déspota esclarecido, à semelhança dos monarcas europeus da sua época (favorece, durante algum tempo, o projecto do padre Bartolomeu de Gusmão e contrata Domenico Scarlatti para ensinar música a sua filha, a infanta Maria Bárbara). Dado aos prazeres da carne e a destemperos vários (teve muitos bastardos e a sua amante favorita era a Madre Pauta do Convento de Odivelas). Sacrificou todos os homens válidos e a riqueza do país na construção do convento.

Maria Ana Josefa

De origem austríaca, a rainha, surge como uma pobre mulher cuja única missão é dar herdeiros ao rei para glória do reino e alegria de todos. É símbolo do papel da mulher da época: submissa, simples procriadora, objecto da vontade masculina.

Baltasar Sete-Sóis

Baltasar Mateus, de alcunha Sete-Sóis, deixa o exército depois de ter ficado maneta em combate contra os espanhóis, conhece Blimunda em Lisboa, e com ela partilha a vida e os sonhos. De ex-soldado passa a açougueiro em Lisboa e, posteriormente, integra a legião de operários das obras do convento. A sua tarefa máxima vai ser a construção da passarola, idealizada pelo padre Bartolomeu de Gusmão, passando a ser o garante da continuidade do projecto, quando o padre Bartolomeu desaparece em Espanha.
Baltasar acaba por se constituir como a personagem principal do romance, sendo quase "divinizado" pela construção da passarola: "maneta é Deus, e fez o universo. (...) Se Deus é maneta e fez o universo, este homem sem mão pode atar a vela e o arame que hão-de voar. " (p. 69) - diz o padre Bartolomeu a propósito do seu companheiro de sonhos. Após a morte do padre, Baltasar ocupa-se da passarola e, um dia, num descuido, desaparece com ela nos céus. Só é reencontrado, nove anos depois, em Lisboa, a ser queimado no último auto-de-fé realizado em Portugal.
O simbolismo desta personagem é evidente, a começar pelo seu nome: sete é um número mágico, aponta para uma totalidade (sete dias da criação do mundo, sete dias da semana, sete cores do arco-íris, sete pecados mortais, sete virtudes); o Sol é o símbolo da vida, da força, do poder do conhecimento, daí que a morte de Baltasar no fogo da Inquisição signifique, também, o regresso às trevas, a negação do progresso. Baltasar transcende, então, a imagem do povo oprimido e espezinhado, sendo o seu percurso marcado por uma aura de magia, presente na relação amorosa com Blimunda, na afinidade de "saberes" com o padre Bartolomeu e no trabalho de construção da passarola.
Baltasar é uma das personagens mais bem conseguidas de todo o romance porque descrever a ambição de um rei, as intrigas duns frades e a loucura de um cientista é relativamente fácil, mas escolher uma personagem do povo, maneta e vagabunda, que aparentemente não tem muito para dizer e convertê-la no fio condutor da narrativa e no protagonista duma das mais belas e sentidas histórias de amor, é algo que só conseguem autores como Cervantes, que de um criado como Sancho Pança criou um arquétipo e um digno "antagonista" de Dom Quixote.
Baltasar é um homem simples, elementar, fiel, terno e maneta, que confina a capacidade de surpresa com a resignação típica das pessoas humildes de coração e de condição. Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe ofereceu, sem assombro nem protestos; acata as suas circunstâncias e não tem medo nem do trabalho nem da morte. Não é um herói nem um anti-herói, é simplesmente um homem.

Blimunda de Jesus

Blimunda de Jesus é "baptizada" de Sete-Luas pelo padre Bartolomeu de Gusmão ("Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, (...) Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem baptizada estava, que o baptismo foi de padre, não alcunha de qualquer um" - pág. 94).
Conhece Baltasar quando assiste à partida de sua mãe, acusada de feitiçaria, para o degredo. Logo os dois se apaixonam, e este amor puro e verdadeiro foge às convenções, subvertendo a moral tradicional e entrando no domínio do maravilhoso - cf. primeira noite de amor (pp. 56-57).
Blimunda tem um dom: vê o interior das pessoas quando está em jejum, herdou da mãe um "outro saber" e integra-se no projecto da passarola, porque, para o engenho voar, era preciso "prender" vontades, coisa que só Blimunda, com o seu poder mágico, era capaz de fazer. Blimunda é, simultaneamente, uma personagem que releva o domínio do maravilhoso, pelo dom que tem de ver "o interior" das pessoas (poder que nunca exerce sobre Baltasar: "Nunca te olharei por dentro" - p. 57), porque amar alguém é aceitá-lo sem reservas. Blimunda encerra uma dimensão trágica na vivência da morte de Baltasar.
Simbolicamente, o nome da personagem acaba por funcionar como uma espécie de reverso do de Baltasar. Para além da presença do sete, Sol e Lua completam-se: são a luz e a sombra que compõem o dia - Baltasar e Blimunda são, pelo amor que os une, um só. A relação entre os dois é também subversiva, porque não existe casamento oficial e porque os dois têm os mesmos direitos, facto inverosímil em pleno século XVIII.
Como outras personagens femininas de Saramago, também Blimunda tem uma grande firmeza interior, uma forma de oferecer-se em silêncio e de aceitar a vida e os seus desígnios sem orgulho nem submissão, com a naturalidade de quem sabe onde está e para quê.
Glória Hervás Fernandez, in Uma leitura espanhola de Memorial do Convento de José Saramago, in revista Palavras, n.º 21, Primavera de 2002.
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
O padre Bartolomeu, personagem real da História, forma com Baltasar e Blimunda o núcleo mágico e trágico do romance. Vive com uma obsessão, construir a máquina de voar, o que o leva a encetar uma investigação científica na Holanda. Como cientista ignora os fanatismos religiosos da época e questiona todos os principias dogmáticos da Igreja. O seu sonho de voar e as suas inabaláveis certezas científicas revelam orgulho, "ambição de elevar-se um dia no ar, onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos eleitos" e tornam-no persona non grata para a Inquisição que o acusa de bruxaria, obrigando-o a fugir para Espanha e a deixar o seu sonho/projecto nas mãos de Baltasar.
A sua obsessão de voar domina-o de tal forma, que ele não se inibe de integrar no seu projecto um casal não abençoado pela Igreja e de aceitar e usufruir das capacidades heréticas de Blimunda, que farão a passarola voar. A passarola, símbolo da concretização do sonho de um visionário, funciona de uma forma antagónica ao longo da narrativa: é ela que une Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu, mas também é ela que vai acabar por separá-los.

Domenico Scarlatti

Artista estrangeiro contratado por D. João V para iniciar a infanta Maria Bárbara na arte musical. O poder curativo da sua música liberta Blimunda da sua estranha doença, permitindo-lhe cumprir a sua tarefa ("Durante uma semana (...) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve forças para levantar-se, sentava-se ao pé do Cravo, pálida ainda, rodeada de música como se mergulhasse num profundo mar, (...) Depois, a saúde voltou depressa" - pp. 191-2).
Scarlatti é cúmplice silencioso do projecto da passarola ("Saiu o músico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarçou um, o outro disfarçou, que em Mafra não haveria morador que não estranhasse, e (...) fizesse logo seus juízos muito duvidosos" p. 231).
É, ainda, Scarlatti que dá a notícia a Baltasar e Blimunda da morte do padre Bartolomeu. A música do cravo de Scarlatti simboliza o ultrapassar, por parte do homem, de uma materialidade excessiva, e o atingir da plenitude da vida.
Bartolomeu de Gusmão, esse, aliado em diálogo excepcional com o músico Scarlatti, o único que pode de raiz compreender as suas congeminações aladas, representa a possibilidade de articulação entre a cultura e o humano, entre o saber e o sonho, entre o conhecimento e o desejo (...) São os caminhos da ficção os que mais justificadamente conduzem ao encontro da verdade.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Acção em " Felizmente Há Luar! "

Estrutura Externa
Estrutura dual: «Peça em dois actos», a que correspondem momentos diferentes da evolução da diegese dramática.
No Acto I é feita a apresentação da situação , mostrando-se o modo maquiavélico como o poder funciona, não olhando a meios para atingir os seus objectivos, enquanto que o Acto II conduz o espectador ao campo do antipoder e da resistência.
Não apresenta qualquer divisão em cenas. Estas são sugeridas pela entrada e saída de personagens e pela luz.
Estrutura Interna
Não se trata de uma obra que respeite a forma clássica nem obedeça à regra das três unidades (de lugar, de tempo e de acção). No entanto o esquema clássico está implícito (exposição, conflito, desenlace).
A apresentação dos acontecimentos processa-se pela ordem natural e linear em que ocorrem, facilitando assim a sua compreensão.

Acção
A acção desenrola-se a partir da figura histórica do general Gomes Freire que foi acusado de conspirador e executado na prisão de São Julião da Barra. A figura do General está sempre presente, do princípio ao fim, embora nunca apareça.
Breve resumo da acção
Um grupo de populares manifesta o seu descontentamento, nas ruas de Lisboa, face à miséria em que vive.
Um Antigo Soldado, que se encontra junto do grupo, refere a figura do General Gomes Freire de Andrade como homem generoso e amigo do povo. Vicente, embora seja um elemento do povo, discorda das palavras daquele e tece comentários desfavoráveis acerca do general.
A chegada da polícia vem pôr termo a esta discussão, provocando a dispersão dos presentes.
Vicente é levado pelos dois polícias à presença de D. Miguel Forjaz, um dos três governadores do reino. Vicente, tornando-se traidor da sua classe, aceita desempenhar o papel de delator e denunciar os nomes daqueles que conspiram contra o reino.
Os governadores, D. Miguel, Principal Sousa e Beresford, tentam a todo o custo encontrar o nome de um responsável pela conspiração, responsabilidade que vai recair sobre Gomes Freire. (Fim do Primeiro Acto)
O general, juntamente com outros conspiradores, é executado na praça pública, em S. Julião da Barra.
A esposa do general, Matilde, e o seu grande amigo, Sousa Falcão, tentam por todos os meios ao seu alcance salvar Gomes Freire, pedindo ajuda a Beresford, aos populares, a D. Miguel e, por fim, a Principal Sousa, mas a morte de Gomes Freire de Andrade era um mal necessário às razões de Estado.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

conto

As Duas Amigas Verdadeiras


Era uma vez uma menina chamada Susana que andava sempre sozinha.
A pobre menina ia para a escola sozinha. Melhor dizendo, ninguém gostava dela porque ela se vestia mal. E todos gozavam com ela.
Num certo dia, ao ir para a escola, a Susana olha para o outro lado da rua e simplesmente vê uma menina muito triste.
Olhou para a direita e para a esquerda da estrada e passou a rua.
Susana sentou-se no banco à beira da menina e perguntou-lhe com um ar sério:
- Como te chamas?
- Eu chamo-me Carolina. E tu? -perguntou-lhe logo a seguir.
- Susana. Porque é que estás assim com essa cara? – disse ela, quase chorando.
- Eu tou assim porque ninguém gosta de mim, porque eu sou preta. - respondeu, com uma lágrima a sair do olho.
- Não fiques assim: se tu quiseres, podemos ser amigas. – disse-lhe Susana com um ar feliz.
- Fixe, podemos ser as melhores amigas. - respondeu Carolina muito feliz.
Contudo, a Susana de tão contente, até se esqueceu da aula. Quando ela se lembrou que já estava atrasada para a escola, toda aflita, perguntou à nova amiga:
- Tu não tens escola?
- Não.
- Os teus pais não te colocaram numa escola? – perguntou Susana.
- Sim, mas, como todos me gozavam, eles tiraram-me da escola.
- Então, porque é que no vens para a minha escola? – propôs-lhe Susana com um ar feliz.
- Não sei… só falando com eles….
- Está bem. Eu vou ter que ir embora para a escola. Aparece logo à tarde, às 18:30 horas, no mesmo sítio. Adeus.
Cada uma foi para o seu lado.
Os pais da Carolina acharam uma boa ideia a sugestão da Susana: as duas todos os dias iam para a escola e andavam sempre juntas para todo o lado.
Susana e Carolina ficaram amigas para sempre.



Joana Pereira, 7ºE

Visita à Exponor



No passado dia 28 de Novembro do presente ano, a nossa turma realizou uma visita de estudo a Matosinhos, mais precisamente à Exponor, para ver uma exposição sobre “Vida Natura”.
Esta viagem realizou-se no âmbito da disciplina de OTET (Operações Técnicas e Empresas Turísticas), para complementar o tema abordado no módulo 9, denominado “Animação em Turismo”.
Para complementar a parte teórica estudada ao longo das aulas, nada melhor que uma viagem a uma exposição para nos apercebermos da quantidade de actividades desportivas, de aventura, radicais e recreativas que existem para oferecer à população em geral, nomeadamente aos jovens que normalmente procuram estas actividades para se libertarem da rotina do dia-a-dia e desenvolverem o seu espírito critico e criativo.
Saímos de Resende em direcção a Matosinhos às 9h da manhã, e o entusiasmo era visível nos rostos de todos os participantes. Durante a viagem houve momentos para pôr a conversa em dia, ouvir música e tirar fotos para mais tarde recordar.
Chegámos às 10:30h e a curiosidade aumentou, pois estávamos prestes a entrar na Exponor, onde não sabíamos o que iríamos encontrar. A exposição estava dividida em quatro pavilhões. No primeiro encontramos uma variada selecção de motos, diferentes tipos de bicicleta e alguma indumentária para praticar os vários desportos existentes. O segundo pavilhão estava reservado com os diferentes equipamentos para a prática de desportos radicais e aventura. Este pavilhão foi o mais requisitado pelos alunos, pois o interesse pela prática destes desportos era enorme, e a possibilidade de os praticar naquele momento fez com que a oportunidade não fosse desperdiçada. Este pavilhão continha também alguns instrumentos de ginásio e roupa para o uso diário.
O terceiro e o quarto pavilhões eram essencialmente constituídos por autocaravanas e casas rurais movíveis. Ficámos fascinados com o conforto e com o tamanho que algumas autocaravanas dispunham.
Próximo da Exponor situa-se um dos mais conceituados e importantes locais de trocas comerciais, tanto nacional como internacional, o porto de Leixões.
Durante o visionamento da exposição foi nos dada a possibilidade de criar laços de amizade com alunos de uma escola situada no Marco de Canaveses, que nos permitiu trocar experiências de vida e falar sobre o curso que ambas escolas leccionam.
Depois de visitar mos todos os pavilhões da Exponor e termos almoçado, saímos de Matosinhos às 15h e chegámos a Resende às 17h.
Esta viagem, apesar de desgastante, foi muito útil, visto que os nossos conhecimentos sobre a “Animação em Turismo” cresceram, obtivemos uma experiência prática e os objectivos definidos no início forma atingidos, superando as nossas expectativas.




Joel, Sérgio e Telmo, 12ºB